sábado, 30 de janeiro de 2010

Muro das Lamentações




Muro das Lamentações e ao fundo a Cúpula do Rocha (o terceiro santuário mais importante na fé Islámica)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Passeio fotográfico por Jerusalem num dia de chuva...




Minha favorita: se olharem bem, um Judeu de um lado e um Palestino do outro.

Lições Brasileiras...

Ao ver casas sendo destruídas a vista de seus moradores. Me lembro deste verdadeiro heroí Brasileiro e o exemplo que ele poderia dar aos tratoristas:


E os jovens...uma crônica fotográfica de um protesto.

Jovem Judeu Ortodoxo assiste a um protesto contra o Assentamento aonde ele vive. Sheik Jarrah, East-Jerusalem, Janeiro 2010.

Jovem Judeu (com "kipa" azul no fundo) protesta contra Assentamentos Judeus em Bairros Arabes de Jerusalem. Sheikh Jarrah, East-Jerusalem, Janeiro 2010.


Jovem Palestinos que foi retirado a força de sua residência assiste a um protesto Judeu/Israelense contra essas práticas. Sheikh Jarrah, East-Jerusalem, 2010.


terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O "Itch"


O leitor que vê esta palavra que coloquei no título pode achar que é alguma palavra em Árabe ou em Hebreu.


A verdade é que a palavra é simplemente em inglês, e quer dizer "coçeira", mas no sentido que eu ouvi a palavra recentemente, ela quer dizer algo que mais se aproxima a "anseio" ou "desejo" em português.


Ouvi esta palavra num pequeno ônibus que ia do aeroporto de Ben Gurion Tel Aviv para Jerusalem. O ônibus estava lotado de Judeus Hassidicos, eu era praticamente o único que não estava vestido de preto a caráter. O que não impediu da conversa fluir naturalmente.


Aos poucos, fomos conversando, a maioria deles eram americanos, e foram conversando sobre Chiago, Nova Iorque e Boston. Todos ficaram muito surpresos por eu, primeiro, não ser judeu, e segundo, ser Brasileiro. Todos queriam saber o que eu vinha fazer ali, com um olhar meio desconfiado que me deu "flash-backs" do meu terrível interrogatório no aeroporto. Contei da minha tripla vontade de conhecer Jerusalem, estudar os idomas dali e compreender um pouco mais o que acontecia ali.


Daí perguntei para eles qual o motivo da viagem. Todos responderam quase ao mesmo tempo: "the itch". Todos começaram a falar desta tal de "coçeira", ou "anseio" - que é um sentimento que todo Judeu começa a ter quando ficam muito tempo sem voltar para a cidade sagrada deles - Jerusalem.


Que todo Judeu volta para sua cidade de vez em quando para acalmar a tal "coçeira". Falaram longamente sobre este sentimento, este anseio de voltar. E não só isto, mas falavam apaixonadamente sobre Jerusalem. Que Jerusalem é o único lugar que eles tem neste mundo e o quanto é importnate para a história, para a identidade e para a religião deles.


Fiquei realmente emocionado, me fez lembrar a importáncia que o Brasil tem para mim, e minha cidadezinha de Araras - a cidade berço da minha família.


Pena que esta paixão tão sincera, também serve para cultivar remorços.

domingo, 24 de janeiro de 2010

E por falar em dois mundos...

Foram apenas dois dias aqui, mas já estava começando a ficar um pouco frustrado com o que ouvia. Vim atrás de paz, mas ouvi muito ódio nas minhas tentativas de conversar com praticamente todo mundo.

Perguntei para dois Israelenses se eles estudavam Arabe na escola – já que Arabe era um dos dois idiomas oficiais de Israel fora o Hebreu – e me dei mal – a pergunta não foi muito bem recebida. Alias, bem mal, a conversa terminou ali. Por outro lado, quando perguntava aos vendedores arabes sobre o conflito, a conversa rapidamente se transformava a uma conversa agrádavel a uma chuva de palavrões.

Mas neste segundo dia, foi salvo por uma história de paz.

E é claro que numa cidade tão turistica – fui conhecer um casal de Japonês. Os dois mais ou menos da minha idade estavam fazendo uma viagem pelo oriente médio de mochilão.
Tudo começou quando perguntei para eles como era o tratamento de turistas Japoneses no oriente médio. Foi aí que ouvi uma história fantástica, uma história de paz. Eis o que me contaram.

“Somos bastante mal recebidos em todos países por aqui, mas somos muito bem recebidos na Turquia.” Quando perguntei porquê:

A nossa história começa faz uns 150 anos, quando o mundo era um lugar muito menos internacional do que é hoje, e muitos países do mundo procuravam mostar sua coragem pela conquistas dos alto mares e oceanos. Foi neste mundo em 1863, que um návio Turco (Militar Ottomano), chamada Ertugrul, deixou seu país e foram se aventurar pelo mundo para descobrir novas terras e mostrar a todos, que Turcos também conseguem dar volta ao mundo.
Depois de chegar próximo ao Japão, o návio encontrou uma tempestada terrível e pelo pavor do grande numero de pessoas a bordo, virou. Da costa, observavam uma comunidade pobre de pescadores Japoneses. Ao verem o návio militar estrangeiro virar, não pensaram duas vezes. Reuniram todos os pescadores desta humilde comunidade, e foram resgatár-los.
Infelizmente. Morreram 533 marinheiros turcos.

Mas graças aos esforços dos pescadores - sobreviveram 68 graças aos esforços dos japoneses que enfrentaram as terriveis ondas para resgatar-los e alguns corpos. Os corpos foram depois carinhosamente enterrados, numa tumba que até hoje tem a bandeira turca. Poucas semanas depois, muito comovido pelo terrível accidente, o Imperador japonês organizou um barco oficial, levando os Turcos sobreviventes de volta para casa e até, alguns dos pescadores pobres para conhecer esta estranha terra. Começou uma amizade forte entre esses dois povos tão diferentes. Mas a história não termina aí.

100 anos depois. Saddam Hussei declarou guerra ao Irã, em 1980 e disse que todos os diplomatas internacionais do país tinha 24 horas para evacuar senão iriam ser preso dentro da guerra. Todos os países conseguiram evacuar seus diplomatas a tempo, fora os Japoneses, pois não haveria tempo para que o governo Japonês enviasse um avião do Japão para resgatár-los. O corpo diplomático aguardou o pior. Não poderiam voar depois das 24 horas pois qualquer avião estrangeiro seria abatido em pleno ar.

Quem salvou os Japoneses foi o governo Turco que enviou um avião da Turkish Airways para buscar-los e mandar-los com segurança de volta para o Japão.

Dois povos tão diferentes, tão distante em religião, cultura e costume – e uma amizade tão forte.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Conversa Agradável no Aeroporto...

Primeiro dia antes de Israel. Assim começou a minha viagem para cá. E podemos dizer que começou BEM emocionante.

Fui fazer o Check-in no Aeroporto de Heathrow em Londres.

O check in começou aparentemente sem problema com algumas perguntas básicas sobre segurança.

Aos poucos, e não sei exatamente quando, falei alguma coisa MUITO errada que não sei até agora dizer o que foi. Digo MUITO errada pois pouco desde aquele momento, iniciou-se um interrogatório que demorou três horas que me fez quase perder o meu avião.


A conversa, que logo foi para interrogatório e aos poucos se tornou um exame psico-técnico , se fosse gravada, seria um caso interessante para qualquer psicologo que estuda comunicação entre duas pessoas conversando e trocando conversas paralelas.

Nos primeiros quarenta minutos, foi interrogado por três pessoas differentes em frente aos olhares curiosos de todos os outros passageiros. Foi uma experiência tão desagradável, e imagino que meu nervosismo fez com realmente parecesse que estava querendo fazer algo de errado.

Eventualmente, não muito satisfeito com o primeiro interrogatório, foi para o segundo. Me escoltaram para dentro de uma salinha. Sem nenhuma explicação de aonde estavam me levando ou para quê. Minhas malas naquele momento também. Um dos seguranças me deu um copo de água, aí que pensei - "isto vai demorar".

Fui interrogado por um grupo intercalado de seis pessoas – não sei o que queriam que eu confesasse pois já tinha revelado tudo – até que Araras era uma cidade entre Limeira e Leme no Estado de São Paulo, Brasil. Primeiro foi uma menina (muito nova para chamar de moça!) que me interrogou, depois uma outra moça mais velha, depois um cara engravatado, depois um soldado e etc. Todas com as mesmas perguntas, os mesmo olhares e a mesma attidude de "você é um idiota meu caro amigo”.

- Sir, who packed your bags.
- I did.
- Sir, who packed your bags...
- It was I.
- Sirrrr, who packed your bagss.
- I did, me.
- Sir, let me ask you a very important question: who packed your bags.

Depois, a minha favorita foi:

- Sir, can I check your jacket. (Israelense misterioso some em segunda salinha e fecha cortininha de ducha de hotel barato)
- (aparece outro cara) - Sir, can I check your shoes (retiro o sapato, entrego, este some pela mesma cortina)
- (volta primeiro cara) - sir, here is your jacket, can I check your wallet.
- (30 mins depois de uma boa conversa jogada fora em hebreu atrás da ducha) - Sir, here are your shoes - can I check your jacket again please.
- (20 mins) - Sir, please, let me check your shoes. Thank you for the jacket.

A mais interessante foi:

- What do you know about Arab culture.
- Very little, that is why I am taking this course, to discover both Jewish and Arab culture.
- Did you know that you can study arabic in other countries.
- Yes.
- So why are you studying Arabic in Israel.
- Because I want to discover Jerusalem as well.
- Did you know that it is cheaper to study arabic in other countries.
- Oh really, but I thought my course was very cheap.
- I hope you like good food, Israel has great food. Have a good day. (entra próximo cara).

E bem no final da conversa:

- (eu) If there is something wrong with me going, please let me know so that I can cancel my flight.
- Are you sure, but our conversation here is so pleasant. Don't you think.
- Not really.
- And why do you think that sir...

Fico tranquilo que pelo menos não fui o único que passei por isto: http://www.airlinequality.com/Forum/el_al.htm


Préfacio



A idéia do blog veio depois dos meus primeiros dias de chegar em Jerusalem.

Há um mito muito poderoso sobre esta pequena cidade e sobre esta região. Que é lugar de guerra, de conflito e de ódio.

Como Brasileiro, os eventos desta região parece algo muito distante da nossa realidade. Afinal, somos um país de bastante diferenças, e temos a paz que muitos neste mundo desejam.

Então estou aqui para poder conhecer as duas faces deste conflito, desta tensão. Morando em Jerusalem no Bairro Judeu e viajando cotidianamente para Ramallah aonde estou fazendo trabalho voluntário com refugiados Palestinos.

Cada dia tenho que passar pelo check-point de Kalandiya - aonde a espera pode durar de 20 minutos à 4 horas. Que também faz parte da aprendizagem.